top of page

POR QUE AS PESSOAS SE COMPORTAM NA LINHA AMARELA?

No momento em que escrevo este post estou sentado tranquilamente esperando uma amiga na estação República da linha amarela que também abriga a linha vermelha do metrõ que me trouxe até aqui. O trajeto foi cheio de empurra-empurra, gente se enconchando e fazendo piadas, e é assim em nove de cada dez estações, mas não na linha amarela.


Devo dizer que nunca antes tinha permanecido mais que alguns minutos na linha mais cheia de frescura do metrô, e mais, nunca antes no horário de pico. O que realmente chamou minha atenção foram as filas, que os mesmos passageiros que empurraram no parágrafo anterior faziam, calmamente, para embarcar. Isso me deixou com uma pergunta na cabeça; por que as pessoas se comportam na linha amarela?

Alguns dos motivos listados foram os bairros nobres, a tecnologia, ou apenas uma imponência do serviço privatizado. Para quem não sabe, a linha amarela é a única linha do metrô paulista que pertence ao capital privado e isso fica meio implícito ao vermos a qualidade superior do que seria uma empresa acoplada a um serviço “precariamente” público.


Não é difícil encontrar um morador das zonas periféricas de São Paulo com uma ampla gama de elogios sobre a ViaQuatro e seus serviços. “Muito tecnológica”, “limpa e bem conservada” e por final “sem todo aquele pessoal sem educação das outras linhas” e é essa a parte mais interessante dos princípios, já que não é como se houvessem milhares de guardas, faxineiros ou operadores a mais do que no serviço público, só posso atribuir tamanha qualidade do serviço e sua conservação a sua “audiência” politizada e educada das regiões da Paulista e Butantã. Mas como lidam com os pessimistas com o fato de que a maior parte desses passageiros vem exatamente das demonizadas linhas azul e vermelha?


A única maneira passível de sentido para explicar tal fenômeno é uma simples metáfora; Indo para os seus trabalhos os moradores do leste e norte de São Paulo encarnam duas distintas personalidades: O sem educação, miserável pobre periférico, e o educado e polido frequentador da linha amarela. A verdade é que a culpa das pessoas e suas ações são culpa unicamente das pessoas e suas ações. Então quando o ambiente pede um comportamento decente as pessoas agem com decência, agora quando estamos em nossos habitats naturais onde as coisas já tem por mérito a indecência agimos com falta de educação?


A verdade é que o Brasileiro possui em suas raízes históricas uma falta de respeito e orgulho consigo mesmo, já que as mesmas pessoas que dizem ver contrastes entre as pessoas de regiões diferentes de uma só cidade não percebem que estão falando de si mesmas de maneira pejorativa, já que uma sociedade organizada é construída a partir de um grupo e não de uns ou outros.


Assim como o nordestino que diz que só em SP há gente educada ou o carioca que diz que só há gente bonita no sul do país, o “Itaquerense” que diz que só há gente educada na linha amarela está negando sua origem e reproduzindo em um espaço geográfico consideravelmente menor a mesma ideologia de ninguendade que reproduzimos contra nossa própria cultura, afinal quando não valorizamos o que temos tendemos a marginalizar e tornar tudo o que é nosso pior para nós mesmo. Em conclusão, como lida você com o fato de que grande parte (não se sinta culpado por tudo) da má qualidade dos serviços públicos também é sua culpa?


bottom of page